terça-feira, 30 de março de 2010

As relações interpessoais como contexto, finalidade e recurso (Síntese)

A educação abrange diversos domínios da existência humana e as formas de comunicação que ocorrem no seio da escola não podem esgotar-se obviamente em modelos unidireccionais de transmissão de conhecimentos.

A criança tem de se confrontar com tarefas desenvolvimentais que fazem apelo avarias dimensões:
- dimensões de relações com colegas, professores, funcionários, pais, irmãos, avós e outros – enriquecimento do mundo societal da criança criando oportunidade para a aquisição de novas competências sociais e importantes desafios;
- dimensões de realização (actividades de ensino-aprendizagem nos domínios académicos, desportivos, artísticos, domésticos, de tempos livres e outros; O currículo escolar mobiliza recursos cognitivos e emocionais para dar resposta à meta que os professores pretendem atingir e ser capaz de regular os seus impulsos interesses e necessidades.
- dimensão de construção da identidade (aluno, colega, filho, irmão, neto ou outro – as experiências vividas na interacção com os outros contribuem para a construção da identidade, para a definição de si na relação com o mundo. A criança e o jovem vão experimentando diferentes papéis, articulando e integrando as múltiplas visões e expectativas que os outros lhes devolvem num todo coerente e consistente ao longo do tempo. O potencial desenvolvimental de um contexto educativo da criança é aumentado em função do número de elos de ligação entre esse contexto e os outros em que a criança e os adultos responsáveis por ela participam.

Estas conexões podem tomar diversas formas, designadamente de actividades partilhadas, de comunicação bidireccional e de informação que são transmitidas em cada contexto acerca do outro.

O desenvolvimento emocional e social como objectivo

A hipervalorização e aquisição de um conjunto de saberes disciplinares e de capacidades cognitivas como se não fosse por demais evidente que a natureza múltipla e evolutiva do conhecimento nos impede de aprender num tempo restrito toda a informação disponível.

E esta tendência inscreve-se num projecto social e cultural mais amplo que elege o indivíduo, a independência e o espírito de competição, como algum dos seus valores mais próximos e que importa que seja explicado, discutido e continuamente avaliado relativamente aos efeitos que produz nos indivíduos e nos sistemas em que participam.

Ser capaz de formar e manter relações saudáveis e harmoniosas com os pares, bem como com os professores e outros elementos da Escola é um objectivo que se inscreve num dos quatro pilares da educação contidos no Relatório para a UNESCO – “aprender a viver junto, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as actividades humanas” (Delors, 1996:77).

A relação é uma aprendizagem com:
-oportunidades de reflexão;
- narrativas socialmente dominantes – através de projectos.

As relações como potencializadoras de recursos emocionais

Os alunos que se sentem-se emocionalmente apoiados apresentam melhor auto-estima, têm mais motivação e empatia, fazem mais interacções parassociais, desenvolvem estratégias mais construtivas de resolução de problemas sociais e conflitos, referem que gostam mais da escola. Este sentimento de apoio, ou a sua ausência, tem efeitos positivos na expectativa positiva e efeitos negativos na expectativa negativa.

A qualidade das relações professor – aluno está associada a: 1- envolvimento na aprendizagem; 2- motivação e auto-estima; 3- atitudes de envolvimento com os objectivos da escola; 4- comportamento entre colegas e destes com o professor.

Importância das relações para os Professores

- As relações interpessoais são fontes de importante motivação;
- As boas relações com os professores motivam os alunos;
- Os conflitos acarretam stress para os professores (carga emocional);
- Ambiente organizacional com sentido de comunidade é estimulante para professores, alunos e restante comunidade. Uma estratégia colaborativa entre professores permite aumentar a corresponsabilização na transformação de sequências interactivas menos adaptativas.

Costa, E. e Matos, P. (2007). Abordagem sistémica do conflito. Lisboa: Universidade Aberta.

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