sexta-feira, 16 de julho de 2010

Conflito na Escola: bullying


O Student Reports of Bullying: Results from the 2001 School and Crime Supplement to the National Crime Victimization Survey (DeVoe, J. F. e Kaffenberger, S., 2005) é um relatório estatístico que pretende medir o fenómeno do bullying nas escolas, através da entrevista a alunos entre os 12 e os 18 anos de idade que frequentam desde o 6º até ao 12º ano de escolaridade.
O relatório foca não só a prevalência do Bullying mas também os cenários em que os alunos afirmam serem vítimas de bullying directo, indirecto, e de ambos. Diferentes tipos de bullying podem afectar diversos grupos, ocorrer nos mais variados tipos de escola e afectar o comportamento dos alunos das mais diversas formas. São descritas as características dos estudantes afectados por estes tipos de comportamento, assim como as escolas onde estas agressões ocorrem. Pelo facto de algumas investigações sugerirem que as vítimas de bullying tendem a registar comportamentos violentos como forma de resposta à agressão, o relatório tenta estudar os comportamentos das vítimas com o recurso a armas de fogo, confrontos físicos e medo. Também é examinada a performance académica das vítimas de bullying, dado que este tipo de violência afecta gravemente o sucesso escolar.
O Bullying compreende agressões verbais, físicas e psicológicas; entenda-se como agressões, bater, inquietação verbal e manipulação social de relações (Banks, 1997; Ericson, 2001 citados por DeVoe, J. F. e Kaffenberger, S., 2005).
A investigação do fenómeno Bullying torna-se complicada devido à complexidade da dinâmica dos cenários em que o mesmo ocorre e do contexto de desenvolvimento social em que se desenvolve, além de que a agressão entre jovens se deve aos mais variados motivos nas diferentes fases de crescimento.
Hawkins, Pepler, and Craig (2001 citados por DeVoe, J. F. e Kaffenberger, S., 2005) afirmam que o bullying envolve com frequência, o apoio de pares na comunidade escolar e raramente é um evento isolado entre dois indivíduos. Associado a este facto, o comportamento agressivo expressa-se de diferentes formas e consoante o tempo e o motivo podem alterar-se na transição da escola preparatória para a secundária. Caims et al. (1989 citados por DeVoe, J. F. e Kaffenberger, S., 2005) afirmam, por sua vez, que os padrões e a motivação da agressão alteram-se durante a infância e não são passíveis de análises isoladas do seu contexto de desenvolvimento onde a agressão tem lugar.
Olweus (1993 citado por DeVoe, J. F. e Kaffenberger, S., 2005) produziu uma definição de bullying que engloba três elementos essenciais neste tipo de comportamento:
1) O comportamento é agressivo e negativo;
2) O comportamento repete-se vezes sem conta;
3) O comportamento ocorre numa relação onde existe um desnível de poder entre as partes envolvidas.
Olweus cit. por DeVoe, J. F. e Kaffenberger, S. (2005) identificou ainda dois subtipos de bullying, que constam no relatório:
1) Bullying directo, agressão física. Este tipo de comportamento assume a forma de contacto físico aberto, a vítima é atacada directamente.
2) Comportamentos indirectos como a exclusão social ou rejeição. Assume a forma de isolamento social e exclusão intencional de certas actividades. Vários investigadores defendem que este tipo de bullying é mais infligido por raparigas do que rapazes.
Os dados recolhidos revelam que 14% dos estudantes com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos de idade relataram que foram vítimas de bullying na escola nos 6 meses prévios ao relatório.Os alunos vítimas de bullying são, por norma, mais novos de ambos os sexos e, na sua grande maioria brancos.
Não foram detectadas grandes discrepâncias nas comparações entre a prevalência do bullying por rendimentos familiares nem por urbanidade.
As vítimas de bullying relatam que é mais habitual existirem gangs nas escolas onde não há supervisão policial, seguranças ou pessoal escolar nos corredores. Foi constatado através dos relatos dos mesmos estudantes que o tipo de escola, pública ou privada, não está associada aos relatos de bullying.
Os resultados obtidos revelam que os alunos vítimas de bullying na escola, por norma, sofrem de vitimização de outras formas, quer dizer que em comparação com alunos não agredidos as vítimas são mais sensíveis ao medo de serem atacadas na escola, no caminho para casa e para a escola. Na verdade, as vítimas tendem a revelar uma série de comportamentos de tentativa de evitar como faltar às aulas, faltar a actividades extra-curriculares, em maior número que os alunos que não foram vítimas de bullying.
Um dos resultados deste relatório, e que chama a atenção para a importância das repercussões deste fenómeno, é a grande probabilidade das vítimas demonstrarem comportamentos negativos como o porte de armas , ou envolvimento em agressões físicas, quando comparados com estudantes não-vítimas.

DeVoe, J. F. e Kaffenberger, S. (2005). Student Reports of Bullying: Results from the 2001 School and Crime Supplement to the National Crime Victimization Survey. U. S. Department of Education, National Center for Education Statistics. Washington, D. C.: U.S. Government Printing Office.

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